por Marcella Marx
Debruçou-se sobre as cores
como quem avança em noite escura
e segurando um amarelo sol
traçou pegadas no chão incólume
embrulhou-se com vestes da cor dos rios
para que seu destino fosse o mar
riscou em vermelho a voz trancada no peito
as ideias, que viessem em prata e ouro
como pequenas joias
suas mãos abertas
denunciavam o trabalho num verde escuro
mergulhou
do fundo retirou cor púrpura
misturou à do céu
tingiu o chão em barro espesso
e marcou no passo o caminho
nas costas
teve tempo de esboçar o que trazia
– Pedaços de carvão e folhas desbotadas
com a sinceridade do medo foi
e sob seus pés
as cores borrando
em largo rastro.
No alcance dos olhos a vontade em breu e nuvens.
Só ao chão pertencia.