
por Marcella Marx
Ela saiu em meio a chuva com vontade clara de se encharcar.
– Ana, Ana. Gritou sua mãe.
– O guarda chuva!
Mas Ana ia longe e despreocupada com a água que a molhava sem perdão.
Seus pés afundavam-se nas poças e a lama acumulava-se na barra de sua saia.
Por seus cabelos longos e dourados escorriam gotas que entravam em sua blusa e escorregavam por seu corpo.
Ana continuava a correr, mas não corria da chuva, não naquela manhã.
Corria com ela.
Sua língua capturava o excesso de água que descia de seu rosto.
Uma rajada de vento e a chuva começou a cessar.
Ana também diminuiu seus passos, até parar.
– Ana, você veio!
Ela fez um gesto com a cabeça e mergulhou.