
por Clarice Casado
Não sei quantas vezes
A vida me pôs a nocaute –
a sensação é cruel.
Nesse último e turbulento ano,
em que eu não soube mais quem eu era,
em que perdi minha avó,
em que presenciei pela primeira vez minha família chorar,
em que fui ao delírio ao ver e ouvir Paul McCartney ao vivo,
em que conheci o Oriente Médio e
arrepiei-me com o som de suas rezas ao nascer e ao pôr do sol,
em que estive de novo na Itália, minha pátria avó,
sentindo o perfume e as cores dos vales da Toscana –
Visitei-me inúmeras vezes, em um insana ciranda,
que parecia não ter fim.
Nesse ano que passou,
minha vida inteira
por mim passou.