
por Marcella Marx
Depois do grande estrondo
Ana ajoelhou-se e foi recolhendo um a um os cacos
De tamanhos e formas assimétricas
Ela insistia, mesmo com as mãos esfoladas.
Na cadência da entrega ia, mais um e mais um.
Até que todos foram deitados numa caixa de papelão.
Ana levantou-se.
Olhou o espaço que agora se abria a sua frente.
Levou o que havia recolhido para dentro.
E o estrondo se fez repetir por muitas vezes.
Tantas quantas foram necessárias
para que Ana voltasse a enxergar o mundo.