
por Isabel Dall’Agnol
Tento tocar meu violão.
Escorrego os meus dedos sob suas cordas.
Ensaio alguns acordes.
Sussurro palavras.
Mas de nada adianta.
Não há música alguma.
Deslizo meu lápis em uma folha.
Traços abstratos tentam desvendar meus sentimentos.
Garranchos coloridos imitam olhos tristes.
Mas de nada adianta.
Não há desenho algum.
Encosto minhas mãos no teclado.
Meus olhos descansam
na tela branca do computador.
Pensamentos vão e vêm…
Não consigo descrever nenhum,
então apenas jogo algumas palavras.
Mas de nada adianta.
Não há texto nenhum.
Quero ler um livro.
Encontro as primeiras frases.
Elas estão misturadas.
Não fazem sentido.
Minha mente voa longe
e, mesmo assim,
tento me concentrar.
Mas de nada adianta.
Nada faz sentido.
Eu estou pela metade.