por Cassiano Rodka
Assistir uma lenda viva em ação é sempre uma experiência incrível. É impossível não olhar para aquela figura no palco e pensar “cara, é ele!”, um músico que foi além dos outros, que se destacou da maioria, que espalhou suas composições por todo o mundo. E a lenda pode estar envelhecida, pode não ter tanto pique quanto antigamente, mas é ele ali no palco, carregando tanta história nas costas que chega a estar um pouco envergado.
Bob Dylan entrou com sua banda pontualmente às 21h no palco do Pepsi On Stage tocando “Leopard-Skin Pill-Box Hat”, uma sátira às vítimas da moda lançada em 1966 e que sempre inicia as apresentações dessa turnê. Em seguida, Bob Dylan engatou a sua clássica balada folk “It’s All Over Now, Baby Blue”. Sem muita enrolação entre uma música e outra, o cantor não costuma ficar de bate-papo com a plateia, mas abriu alguns sorrisos sinceros para o público, deixando claro de que estava satisfeito com a empolgação que tomou conta do local. E não foram só os clássicos que animaram a galera, músicas mais recentes como “Thunder on the Mountain” e “Beyond Here Lies Nothin'” também levantaram o público.
Do álbum “Highway 61 Revisited” surgiram algumas das melhores performances da noite: “Ballad of a Thin Man”, “Desolation Row”, “Like a Rolling Stone” e a faixa-título, grata surpresa no setlist. Fiquei surpreso também em ver o Dylan tantas vezes nos teclados. Em muitas canções ele deixava seu violão e sua gaita de boca de lado para escorregar seus dedos nas teclas de um moog. Depois de fazer o Pepsi inteiro cantar “Like a Rolling Stone”, Dylan apresentou a banda e fechou o set com um de seus maiores clássicos, “All Along the Watchtower”. Alguns minutos depois, o grupo voltou ao palco para tocar a última da noite, a indispensável “Blowin’ in the Wind” em uma versão mais animadinha que não me agradou muito, mas fez a festa do pessoal que estava presente. Ao final da apresentação, fica aquela sensação boa, uma grata satisfação em ter dividido uma noite com uma lenda viva da música.