
por Isabel Dall’Agnol
Pés no chão.
Tua cabeça encosta
no meu ombro.
Teu sopro envolve minha nuca,
enquanto seguro tua mão.
O ônibus passou e
eu prefiro esperar
pelo próximo.
Só quero mais alguns
minutos do teu lado.
Entrego-te tudo.
Minhas pernas tremem
com teus beijos.
E acredito que só a tua
presença é o que me basta.
O tempo é traiçoeiro.
E, enquanto a vida passa,
esquecemos do nosso abrigo.
Colaboramos para isso.
O ônibus passa de novo.
Dessa vez, o pego sozinha.
Encontro-te na outra esquina,
exatamente como eu queria.
És a melhor de minhas aventuras.
És o presente do destino.
És o remédio para a dor e
a angústia das minhas horas.
És a minha companhia mais querida.
O tempo também
sabe ser sábio.
Dá seu jeito,
sem atraso.
Promessas num banco
de esquina.
Ofereço-te tudo.
E tu, o pouco que
te sobra.
O relógio nos confunde.
As horas não passam.
O tempo corre depressa.
No momento, estamos bem.
Em instantes, não estamos mais.
Temos um minuto, então
vamos escapar e viver.