
por Isabel Dall’Agnol
Não me olhes de perto,
pois tenho medo do que
podes encontrar.
Não quero que
percebas meus traços,
verás a quantidade de
imundície que carregam.
Não quero que descubras
os meus trejeitos,
saberás que são uma troça.
É melhor que não acompanhes
meus movimentos…
Logo, revelarão um
inútil paradoxo.
E o encanto
transformar-se-á
em insano.
A alegria
converter-se-á
em melancolia.
As palavras
tornar-se-ão
banais.
A convivência
será espinhosa.
O calmo, tomado
pela angústia.
O tórrido
transfigurar-se-á
em uma pedra.
E, finalmente,
já dizimado
o afeto, notarás
que tudo o que resta
é uma bicanca vermelha.