Música

A barulheira hipnótica do Savages

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por Cassiano Rodka

Formada há 3 anos em Londres, a banda Savages vem fazendo bastante barulho (em todos os sentidos). O quarteto faz um som pesado, com guitarras agudas e um vocal feminino ora falado, ora gritado. O grupo bebe na fonte do movimento pós-punk, uma vertente mais experimental e mais bem arranjada do punk, que ficou conhecida principalmente pelas bandas Siouxsie and the Banshees, Joy Division e Magazine.

O disco de estreia das gurias chama-se “Silence Yourself” e deixa claro o seu recado desde a capa, onde um pequeno manifesto convida o ouvinte a se calar apenas o suficientemente para escutar a sua voz interior e depois aprender a usar o seu próprio grito. As letras da vocalista Jehnny Beth falam bastante sobre encontrar a sua própria voz e enfrentar os berros do mundo que nos tiram fora do nosso caminho natural.

O Savages é daquelas bandas que funcionam muito bem ao vivo. E, no álbum de estreia, elas conseguiram captar essa conversa sonora que rola quando elas estão no palco. “She Will” evoca o clima de transe do Joy Division e chega a quase citar o riff de “Love Will Tear Us Apart”. Os singles “Husbands” e “I Am Here” são pesados, com vocais gritados carregados de emoção visceral e guitarras choronas (eu sempre acho que é meu gato miando). “Marshal Dear”, a faixa que fecha o disco é construída em cima de um piano suave e um baixo com uma levada meio milonga, entrecortados por relinchos de guitarra e um inesperado solo de saxofone no final – pura elegância punk.

Neste ano de 2014, já deram um pulo no Brasil, fazendo um senhor show no Lollapalooza – facilmente um dos melhores do festival. Recentemente, elas lançaram um EP com duas faixas ao vivo, a épica “Fuckers”, que costuma fechar os setlists, e uma bela cover de “Dream Baby Dream” do Suicide. Vale a pena quebrar o silêncio do cotidiano conferindo o som intenso do Savages.

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