
por Isabel Dall’Agnol
Eis que nos quedamos
em retratos.
Escritos.
Regalos.
Lembranças.
Quisera contar,
em pensamento,
o silêncio dos meus lábios.
E acreditarias, se eu dissesse,
que sigo buscando teus olhos
pela noite?
E que tua ausência,
presente, alimenta
cada face do meu ser?
Não há espaço
que não transborde.
Não há tempo
que não esgote.
Não há sonho
que não acorde.
Tua parte que
sobrevive em mim,
é a mesma que
vive em ti.
Minha parte
desagarrada,
é a mesma que
te agarra.
Habito tua essência,
que mora em mim.
Habitas minha quimera,
que pertence a ti.
Minha companheira
desacompanhada,
o que te prende
me solta.
Eterna temporada.
Jamais namorada.
Talvez, algum dia,
quando este velho
adormecer,
desperte ao teu lado…
Onde o rio beija a praia.
O verde toca a nossa pele.
O sorriso enche a tua boca.
O brilho exibe a minha mania.
E o nosso universo perpetua em paz.