
por Isabel Dall’Agnol
O ponto de partida
deu um nó na chegada.
Tudo o que era
se desfez.
Mãos calaram-se.
Calor deserto.
Um vazio transbordou
o peito.
As palavras correram.
A ternura gastou-se.
O laço desistiu.
O amor derramou-se
em engano.
Nada mais vaga
em nosso leito.
Tuas manchas
escaparam.
Nem te reconheço
no espelho.
Minhas lágrimas secaram.
O apego envelheceu.
A saudade escureceu.
Se te encontro
em gotas de cristal,
amanhã acordo e esqueço.
Não te vejo,
porque já não existes.
Teu esqueleto vive,
enquanto tua alma adormece.
O segredo
parece mentira.
O nunca
teme o teu retrato.
Tua realidade desconhecida
desbotou a fotografia.