
E eis que me surge um poema
Depois de tanto tempo,
Vem ele me tomando, devagarinho…
Conhece todos os cantinhos da minha mente e do meu corpo,
que fica tentando me dizer o que posso e o que não devo fazer – em vão.
Hoje sou líquida.
Mas não quero ser pura.
Ao contrário da água,
sou senhora absoluta das minhas formas de me libertar.
Entre estranhos limites,
Faço meu ninho,
Desenho desatinos,
Me esvaio, escandalosa.
Não busco mais sentido, porém.
Nas veias, a plenitude,
No corpo, a certeza,
Em todos os olhares, a exatidão.
Na alma, o retrato que desenho em detalhes, e guardo em mim.
E não deixo fugir.