
Na sexta-feira, dia 20 de julho, acontece a 30ª edição do Eisner Awards, a maior premiação do universo das histórias em quadrinhos.
Dentre os concorrentes ao Eisner 2018, está o paulista Marcelo D’Salete. Sua graphic novel “Cumbe” foi indicada na categoria de Melhor Edição Americana de Publicação Internacional. Lançada originalmente em 2014 pela editora Veneta aqui no Brasil, a revista foi publicada recentemente nos EUA pela Fantagraphics Books com o título “Run for It: Stories of Slaves Who Fought for Their Freedom”.

A HQ conta a história da luta dos negros escravos em sua resistência contra a opressão escravagista no Brasil. Depois de pesquisar bastante sobre o tema, Marcelo percebeu que os relatos eram escritos sempre por autores brancos e decidiu que era necessário criar uma narrativa a partir da perspectiva dos negros.
O desenhista estreou no mundo dos quadrinhos em 2008 com “Noite Luz”, que narra seis histórias sobre personagens que vivem à margem da sociedade. O olhar crítico sobre a cena urbana de São Paulo ressurgiu em seu segundo livro, “Encruzilhada”, deixando claro que o caminho do escritor seria o de contar histórias sobre heróis do cotidiano, que lutam pela sobrevivência em um mundo que mal os aceita.

Nas duas graphic novels mais recentes, “Cumbe” e “Angola Janga”, Marcelo foi mais a fundo na origem desses problemas sociais, mergulhando na história da escravidão no nosso país. O termo “cumbe” é uma palavra no idioma banto, que era utilizado pelos escravos na época do Brasil colonial. É sinônimo de “quilombo”, mas também era usado para designar o sol, o dia, a luz, o fogo e a maneira de compreender a vida e o mundo. A expressão não poderia ser melhor para dar título ao livro de Marcelo D’Salete, uma HQ que busca entender os absurdos criados pela escravidão e, ao mesmo tempo, dar maior visão e valor à cultura negra.