Uma escritora em busca de inspiração retorna a sua cidade-natal e descobre que sua própria história foi apagada. Ninguém parece aceitar a sua existência e Cris procura descobrir o que levou seus amigos e parentes a negarem sua existência.
Através de uma história de suspense, o roteirista Daniel Esteves (de São Paulo dos Mortos) traz várias questões sobre a ambígua relação que temos com o nosso local de nascença. Muitas vezes nos sentimos distantes de nossa origem e temos vontade de nos afastar. Voltar à cidade-natal parece ser um retrocesso. Mas ao mesmo tempo, mantemos uma eterna ligação com os locais frequentados e os amigos que ainda vivem lá.
Acompanhando a jornada de Cris, podemos dividir com ela o sentimento confuso de reencontrar pessoas do passado e estar novamente em locais que já tiveram um grande significado para nós. Isso nos traz muitos questionamentos: o que a gente deve carregar conosco? O que deve ficar para trás? O quanto essa vida remota ainda faz parte do que somos?
O interessante é que Daniel Esteves amarra essas questões existenciais em uma narrativa misteriosa, transformando a viagem de Cris ao seu passado em uma aventura digna de Sherlock Holmes. A protagonista percebe que muitos moradores não lembram dela e algumas parecem não querer nem chegar perto. O que deveria ser uma viagem para desbloquear sua escrita se torna um enigma a ser desvendado. Quem está ao seu lado? Quem tornou-se um inimigo? E por que diabos quase ninguém lembra de sua presença na cidade?