
É a carne
que te alimenta.
É o sangue
que te vive.
Ele cresceu
contigo.
E compartilharam
do mesmo quarto,
do mesmo armário,
da mesma cômoda.
Sentaram à mesa,
por anos.
Juntos.
E brincaram
de esconder,
e de mentir,
e de fazer,
e de ser
e de viver.
Sempre aquele
que te defende,
e que te arma,
e que te rende
e que te prende.
Lástima!
Da vida!
Da carne!
Do sangue!
Da alma!
Que lástima.
Lastimo…
De repente,
o colorido
derramou-se.
O trato virou
desordem.
O aconchego
estranho.
O abrigo
vazio.
O escuro
sozinho.
Será que ele esqueceu…
Do gosto…?
Da gargalhada…?
Da lágrima…?
Da piada…?
Da fantasia…?
Do fundo…?
Da tua
mão…?
É a carne
que te alimenta.
É o sangue
que te vive.
Afinal…
Não seria
o final?
Teu coração
apertado.
Teu olho
embaçado.
Tua cabeça
embaralhada.
É a carne
que te alimenta?
É o sangue
que te vive?
Duo
duvidoso.
Dúbio
perigoso.
Ambíguo
precioso.
Pois é abraço.
No tempo.
No espaço.
No ventre.
Na alma.
Na flutuante,
infinita e
terna
identidade.