
a folha ainda verde, logo ressequida, deixei-a exposta em meio a confusão das tarefas do dia, reminiscência da árvore frondosa majestade, raízes indomáveis que estalavam o calçamento em ondas, a romper com a dureza cinza da cidade que insistia na guerra de superar a si mesma, progressista, a cidade ia crescendo e a tudo engolia, boca de gula, insaciável, sempre tudo e todos com fome de mais tantas coisas, e também levou embora o jacarandá que morava desde sempre que se é mundo e vida naquele lugar e que muito tempo depois veio a se construir um lindo condomínio, ideal para sua família, era o anúncio, e então lá muitas pessoas de bem foram viver, e o velho jacarandá perdeu sua vez, um dia acordou e estava só o toco, foi para resguardar a segurança de todos que ali passavam e viviam, parece que ele já estava morto, poderia causar um grave acidente, essa foi a justificativa para o seu fim.
O texto de hoje foi inspirado na fotografia acima como parte do Desafio Piras lançado pela nossa colunista Brunna Stock.