
As tuas mãos pesadas,
simplesmente,
ainda pesam
E as minhas,
seguem curtas demais
para abraçar-te
A dor não fica
tão apenas naquele
corpo pequeno
Arrasta-se…
E, com o passar
dos anos, se exibe
Pois já não quer
calar-se
É uma veste,
ainda que invisível,
que quer fazer
deste corpo maduro nu
Acho que agora
percebo
O pouco que se sabia
Que se sentia
Que se entendia
A culpa já passa
batida
E a vergonha
encolhida
É a dor, que
fingia escondida,
que desvenda
este andar
Nunca é tarde pra
falar
Nunca é hora de
calar
É um fardo
Eterno
Que merece
mirada
Que merece
amparo
Que merece
reparo
Ainda temo a dor
que fica
Deito com teu espelho
vil
E sonho que possas
descarnar-se deste
corpo manchado