Esse foi um ano fodido. FO-DI-DO. Mas através da música, nós conseguimos manter a sanidade, botar a boca nas atrocidades que nos rodearam e, por vezes, até nos desligar completamente do mundo.
Quais foram os álbuns que abocanharam o Rodka Awards?
MELHOR ÁLBUM DE MÚSICA HUMANA:
Fiona Apple – Fetch the Bolt Cutters
O hype em torno desse disco é 100% justificado. Enquanto o resto do mundo se rende cada vez mais a loops prontos e vozes processadas, Fiona Apple compôs uma seleção de músicas cruas e analógicas com foco no ritmo. Os vocais são viscerais e as letras, ferozes e sensíveis.
MELHOR ÁLBUM ANTIFASCISTA:
Trupe Chá de Boldo – Viva Lina EP
Homenageando a arquiteta Lina Bo Bardi, a Trupe compôs um apanhado de canções que convoca à resistência. O conceito arquitetônico do disco nos clama a derrubar paredes, manter parques vivos e só construir aquilo que nos mantém conectados uns aos outros e à natureza.
MELHOR ÁLBUM DE METAL COM SAMBA:
Machete Bomb – MXT
Cheio de featurings com a nata da nova música brasileira (e alguns das antiga também), esse disco do Machete Bomb não tinha como dar errado. Os caras já eram bons sozinhos, bem acompanhados então… Tem peso, tem brasilidade e é foda pá caralho.
MELHOR ÁLBUM PRA ESQUECER QUE O MUNDO EXISTE:
Absynthe Minded – Riddle of the Sphinx
Músicas acústicas com arranjos psicodélicos. O Absynthe Minded é uma banda belga que tem um sabor pop, mas not really. O single Easy foi uma das minhas músicas preferidas para relaxar a cabeça num ano tão medonho.
MELHOR ÁLBUM DE UMA BANDA NOVA QUE AINDA VAI TOCAR NO LOLLAPALLOZA:
PLUMA – Mais do Que Eu Sei Falar EP
O primeiro trabalho da Pluma expõe toda a leveza MPB e a maestria jazzística de uma banda que merece toda a atenção do mercado musical brasileiro e a sua também. É daqueles grupos em que cada um dos integrantes contribui com um ingrediente especial, então quando junta tudo… CABUM!!
MELHOR ÁLBUM NOVO QUE É VELHO:
Mr. Bungle – The Raging Wrath of the Easter Bunny Demo
Surpreendendo a todos mais uma vez, o Mr. Bungle se reúne para regravar a sua primeira demo de 1986 onde eles tocam… DEATH METAL. Não é exatamente o que os fãs da banda esperavam, mas o disco apresenta essas canções em formato audível pela primeira vez e prova que o material é realmente bom.
MELHOR ÁLBUM DE UMA BANDA QUE TAVA DEVENDO ALGO BOM DESDE 2010:
Eels – Earth to Dora
De volta à forma, o Eels fez um disco com uma vibe positiva e produção caprichadinha. Apesar de manter o formato folk e simples, os arranjos deixam claro que o compositor Mark Everett estava a fim de dar uma experimentada com acordes aumentados e diminutos que deram um up no som.
MELHOR ÁLBUM PARA UM BAILE EM CASA:
Marcelo Nakamura – Naka & os Piranha
Aos 45 do segundo tempo, o compositor lançou esse álbum que é pura alegria. Marcelo Nakamura mistura o regionalismo da música manauara com a safadeza do tecnobrega. As letras bem-humoradas são repletas de gírias amazonenses e temas super atuais, como caçadores de like e aquela vontade de ficar em casa vendo Netflix.
MELHOR ÁLBUM DE ROCK PRA BOTAR TUDO PRA FORA:
IDLES – Ultra Mono
Arranjos minimalistas, letras minimalistas, som IMENSO. O IDLES criou um rock que é só deles, meio pós-punk, meio industrial, mas outra coisa. Atrás das letras simples e mântricas, tem muita crítica: masculinidade tóxica, fascismo, desigualdade social, Brexit. Tá tudo na mira.
MELHOR ÁLBUM POP DESDE A INVENÇÃO DA MADONNA:
Dua Lipa – Future Nostalgia
Fazia muito, mas muuuito tempo que eu não ficava viciado num disco pop. Esse álbum da Dua Lipa foi invadindo devagarinho o meu dia a dia e se instalou no meu cotidiano como quem não quer nada. Mas queria tudo. E levou. Discaço!